Primavera

Primavera
Primavera de Botticelli (imagem da Google)

ADÁGIO


Tão curta a vida e tão comprido o tempo!...
Feliz quem o não sente.
Quem respira tão fundo
O ar do mundo,
Que vive em cada instante eternamente.

Miguel Torga































domingo, 2 de maio de 2010

O poema que me dedicou a minha filha

E até o meu coração
Ficou enorme, mãe!
Olha – queres ouvir-me? –
Ás vezes ainda sou o menino
Que adormeceu nos teus olhos ;
Ainda aperto contra o coração
Rosas tão brancas
Como as que tens na moldura ;
Ainda oiço a tua voz:
Era uma vez uma princesa
No meio de um laranjal…
Mas – tu sabes – a noite é enorme,
E todo o meu corpo cresceu.
Eu saí da moldura,
Dei às aves meus olhos a beber.
Não me esqueci de nada, mãe.
Guardo a tua voz dentro de mim.
E deixo-te as rosas.
Boa noite. Eu vou com as aves.


Poema à Mãe”, Eugénio de Andrade

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