Solstício de inverno.
Aqui estou novamente a festejá-lo
À fogueira dos meus antepassados
Das cavernas.
Neva-me na lembrança.
E sonho a primavera
Florida nos sentidos.
Consciente da fera
Que esses tempos idos
Também era.
Imagino um segundo nascimento
Sobrenatural
Da minha humanidade.
Na humildade
Dum presépio ideal,
Emblematizo essa virtualidade.
E chamo-lhe Natal.
Miguel Torga, 25 de Dezembro de 1982
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